A tarefa do pintor não é tentar satisfazer as expectativas dos espectadores. Pelo contrário, uma de suas muitas aspirações é revelar que conclusões emocional e intelectualmente gratificantes criam zonas de conforto que são estranhas à experiência humana. O absurdo, o grotesco, o irracional, são conceitos que não podem ser ignorados quando confrontados com um dos mais enigmáticos mistérios humanos, nas palavras de Dechêne, “a natureza inacabada, eterna e incompleta do ser”. 
As minhas pinturas, compostas por signos reconhecíveis, comportam-se como uma construção de significados contraditórios que tentam demolir à partida quaisquer significados óbvios. É como o desmantelamento de uma conspiração, na qual aparentemente nos é fornecida uma explicação oficial prévia, mas na qual, ao longo do tempo, somos confrontados com inconsistências consecutivas que levam ao questionamento dessa explicação inicial. Ao contrário de uma trama de conspiração, em que se supõe a existência de uma explicação "verdadeira" a ser descoberta, no caso de minhas pinturas essa verdade final não existe.