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Quadro

Minha pintura começa com desenho ao vivo. Embora o desenho seja bem definido, revela um conjunto de duplicações, transparências e outras incongruências que refletem o fato de que as pessoas que são desenhadas nunca ficam quietas.  Eles se movem, mudam durante o momento da pose, buscam sucessivas posições de conforto, ou ainda, escolhem sucessivas formas de desconforto, apenas para abandoná-las diretamente.
Esse desconforto imita a ilusão que o sujeito constrói sobre a robustez de suas convicções que ele toma como sólidas, mas que tem que estar constantemente se defendendo dos ataques corrosivos do mundo. Essa luta inglória é impossível de vencer, confrontando o sujeito com o questionamento imperativo de suas crenças centrais. O ídolo tem pés de barro que inevitavelmente quebrarão.
As figuras desenhadas tornam-se meros signos dos sujeitos. Embora os desenhos originais retratem principalmente pessoas concretas, o objetivo não é buscar nenhuma semelhança superficial, mas transformá-los em símbolos genéricos de um sujeito em relação aos outros. Essa relação simboliza a luta entre construção e destruição, entre o pré-definido e o vago, entre as categorias e a indecisão.

Como artista tanto na pintura a óleo tradicional quanto no desenho algorítmico abstrato estou dividido entre esses dois campos divergentes. No entanto, o vazio de significado óbvio é o terreno comum de todas as minhas obras. Dada minha formação em engenharia e robótica, busco o diálogo entre arte e matemática através da conceituação do gesto do desenho em meus trabalhos digitais. Esta é a minha área de investigação atual na área das artes no meu programa de pHD na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (Portugal).

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